Chefe da Unidade de Neuropediatria do Hospital de Clínicas de Porto Alegre, Rudimar Riesgo, ministrou palestra para docentes do norte gaúcho, no sábado (18)
Ninguém está a salvo de desempenhos insatisfatórios, durante a vida escolar. Porém, o que diferencia dificuldades de transtornos de aprendizado? Segundo o Doutor em Pediatria e Chefe da Unidade de Neuropediatria do Hospital de Clínicas de Porto Alegre, Rudimar Riesgo, enquanto as dificuldades são variações de rendimento relacionadas a condições escolares, familiares e/ou infantis, os transtornos são caracterizados por resultados significativamente abaixo dos esperados para o nível de desenvolvimento, de escolaridade e de capacidade intelectual da criança.
Por isso, mesmo matriculada em uma instituição de ensino que disponha de estrutura adequada para que construa saberes, mesmo que seus docentes sejam capazes de identificar e utilizar abordagens pedagógicas estimulantes, mesmo que seu contexto familiar e socioeconômico seja propício e mesmo sem limitações físicas, psicológicas e neurológicas, a criança com transtorno de aprendizagem apresenta persistentes dificuldades específicas, apesar do seu grande esforço e mesmo após dois anos de vivência escolar, seja para cálculos, para a grafia, para a leitura, para executar movimentos ou para perceber o seu entorno.
Foi, justamente, para capacitar os educadores de instituições de ensino públicas e privadas do norte gaúcho – entre os quais estavam os da Escola Notre Dame Menino Jesus – acerca de quais são as aptidões e comportamentos esperados, em cada fase da infância e da adolescência, e, assim, apurar sua percepção sobre possíveis transtornos que, durante a palestra “Problemas com a Aprendizagem: Abordagem Neuropediátrica”, o docente da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS) descreveu, etapa a etapa, o desenvolvimento neurológico.
Para isso, primeiramente, conduziu os mais de 400 educadores que ocupavam o Auditório do Colégio Notre Dame, na manhã de sábado (18), por uma viagem pela evolução das espécies. Afinal, são as estruturas cerebrais mais antigas, na história filogenética, as primeiras a desenvolverem-se e as mais estáveis. Por isso, elas representam a base para os primeiros aprendizados, de fundo essencialmente psicomotor, e, também, o local onde as memórias de longa prazo são armazenadas. Ou seja, é ali que um estímulo novo, capaz de desestabilizar os antigos, transforma-se em aprendizagem, por meio da memorização.
Além disso, Rudimar também caracterizou os desvios do neurodesenvolvimento, como o Transtorno de Déficit de Atenção e Hiperatividade, a Paralisia Cerebral, o Déficit Cognitivo e o Autismo, nos quais o desenvolvimento cerebral é mais lento que o esperado, com áreas específicas de não-desenvolvimento.
Desse modo, avalia a psicopedagoga da Escola Notre Dame Menino Jesus, Eleandra da Rosa, o evento – promovido pelo Regional Planalto do Sindicato do Ensino Privado do Rio Grande do Sul (Sinepe/RS) – além de capacitar os educadores para que, conhecendo os parâmetros do neurodesenvolvimento, identifiquem sinais de transtornos e desvios, ressaltou a necessidade de adaptar o cotidiano escolar para que a criança demonstre todo o seu potencial.
“Atento ao que é esperado dos educandos, nos diferentes momentos da vida escolar, o professor é capaz de encaminhá-lo para avaliação e acompanhamento de equipe multidisciplinar, formada por fonoaudiólogo, neuropediatra, psicólogo e psicomotricista, com o intuito de colaborar com o seu desenvolvimento. Mas, seu papel vai além. Integrando-se a esses profissionais, o docente deve buscar abordagens atrativas e propor atividades em que o desenvolvimento e expressão do conhecimento sejam adaptados às crianças e aos adolescentes”, afirma.