Educadores compreendem, por meio de abordagem neuropediátrica, os transtornos de aprendizagem
20 de março de 2017 Notícias, Portal

Chefe da Unidade de Neuropediatria do Hospital de Clínicas de Porto Alegre, Rudimar Riesgo, ministrou palestra para docentes do norte gaúcho, no sábado (18)

DSC_7928Ninguém está a salvo de desempenhos insatisfatórios, durante a vida escolar. Porém, o que diferencia dificuldades de transtornos de aprendizado? Segundo o Doutor em Pediatria e Chefe da Unidade de Neuropediatria do Hospital de Clínicas de Porto Alegre, Rudimar Riesgo, enquanto as dificuldades são variações de rendimento relacionadas a condições escolares, familiares e/ou infantis, os transtornos são caracterizados por resultados significativamente abaixo dos esperados para o nível de desenvolvimento, de escolaridade e de capacidade intelectual da criança.

Por isso, mesmo matriculada em uma instituição de ensino que disponha de estrutura adequada para que construa saberes, mesmo que seus docentes sejam capazes de identificar e utilizar abordagens pedagógicas estimulantes, mesmo que seu contexto familiar e socioeconômico seja propício e mesmo sem limitações físicas, psicológicas e neurológicas, a criança com transtorno de aprendizagem apresenta persistentes dificuldades específicas, apesar do seu grande esforço e mesmo após dois anos de vivência escolar, seja para cálculos, para a grafia, para a leitura, para executar movimentos ou para perceber o seu entorno.

DSC_7938Foi, justamente, para capacitar os educadores de instituições de ensino públicas e privadas do norte gaúcho – entre os quais estavam os da Escola Notre Dame Menino Jesus – acerca de quais são as aptidões e comportamentos esperados, em cada fase da infância e da adolescência, e, assim, apurar sua percepção sobre possíveis transtornos que, durante a palestra “Problemas com a Aprendizagem: Abordagem Neuropediátrica”, o docente da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS) descreveu, etapa a etapa, o desenvolvimento neurológico.

Para isso, primeiramente, conduziu os mais de 400 educadores que ocupavam o Auditório do Colégio Notre Dame, na manhã de sábado (18), por uma viagem pela evolução das espécies. Afinal, são as estruturas cerebrais mais antigas, na história filogenética, as primeiras a desenvolverem-se e as mais estáveis. Por isso, elas representam a base para os primeiros aprendizados, de fundo essencialmente psicomotor, e, também, o local onde as memórias de longa prazo são armazenadas. Ou seja, é ali que um estímulo novo, capaz de desestabilizar os antigos, transforma-se em aprendizagem, por meio da memorização.

DSC_7924Além disso, Rudimar também caracterizou os desvios do neurodesenvolvimento, como o Transtorno de Déficit de Atenção e Hiperatividade, a Paralisia Cerebral, o Déficit Cognitivo e o Autismo, nos quais o desenvolvimento cerebral é mais lento que o esperado, com áreas específicas de não-desenvolvimento.

Desse modo, avalia a psicopedagoga da Escola Notre Dame Menino Jesus, Eleandra da Rosa, o evento – promovido pelo Regional Planalto do Sindicato do Ensino Privado do Rio Grande do Sul (Sinepe/RS) – além de capacitar os educadores para que, conhecendo os parâmetros do neurodesenvolvimento, identifiquem sinais de transtornos e desvios, ressaltou a necessidade de adaptar o cotidiano escolar para que a criança demonstre todo o seu potencial.

“Atento ao que é esperado dos educandos, nos diferentes momentos da vida escolar, o professor é capaz de encaminhá-lo para avaliação e acompanhamento de equipe multidisciplinar, formada por fonoaudiólogo, neuropediatra, psicólogo e psicomotricista, com o intuito de colaborar com o seu desenvolvimento. Mas, seu papel vai além. Integrando-se a esses profissionais, o docente deve buscar abordagens atrativas e propor atividades em que o desenvolvimento e expressão do conhecimento sejam adaptados às crianças e aos adolescentes”, afirma.

  • Escola Notre Dame Menino Jesus